
Na segunda gravidez, Rosilei já sabia da possibilidade de ter mais um filho surdo
Cuidar do primeiro filho dá um certo trabalho. As mães ainda são “marinheiras de primeira viagem” e tem muito que aprender. Com Rosilei Schenatto não poderia ser diferente. Ela tem três filhos, o mais velho Leonardo, com sete anos, e as gêmeas Nicole e Débora que completam um ano ainda este mês.
Grávida pela segunda vez, espantada com a notícia de que seriam gêmeas e a preocupação foi inevitável. Mas o apoio do marido e da família foi fundamental. “Não é fácil ter as duas filhas pequenas para cuidar, mas minha mãe me ajuda muito. Ela mora ao lado e me atende sempre que preciso”, explicou Rosilei.
Leonardo, o primeiro filho, surpreendeu a família depois de alguns meses do seu nascimento. Após inúmeros exames e consultas, os pais se certificaram da surdez do filho. Quando Débora e Nicole nasceram, Débora apresentou o mesmo problema.
A entrevista transcorreu em um clima descontraído, paramos diversas vezes para observar as travessuras dos irmãos.
Leonardo
“Quando o Leonardo nasceu e soubemos da surdez levamos um susto. Até mesmo por não conhecermos o mundo dos surdos. O Leo é muito inteligente e domina muito bem a língua de sinais”, destaca a mãe.
“Demoramos um pouco para descobrir, desconfiava, mas não tinha certeza. Fazia barulho e ele não olhava, quando estava dormindo mesmo com o carro de som ele não acordava. Ficamos preocupados quando fomos a uma apresentação de final de ano e ele estava dormindo.
Quando a fanfarra passou bem ao nosso lado ele não acordou. Depois disso procuramos diversos médicos na região e nada foi constatado. Levamos ele para Curitiba onde foi confirmada a surdez”, contou Rosilei.
“Quando ele estava com dois anos começou a aprender libras e passou a se comunicar através da linguagem de sinais. Assim toda a família também procurou fazer cursos e aprender essa forma de linguagem. Os pais, os tios, os primos, todos se empenharam em aprender”, esclareceu a mãe.
Hoje com sete anos, Leonardo frequenta o ensino regular onde conta com um interprete em sala de aula. Frequenta também a Amesfi e a catequese. Vai ao mercado e para a padaria sozinho. Rosilei relata que isso só foi possível graças ao excelente trabalho desenvolvido na Amesfi e a qualidade dos professores que sempre o acompanharam.
Ele ainda sente um pouco de vergonha de se comunicar, já que as pessoas em geral não sabem libras. Quando a família sentiu a importância que tinha para ele se comunicar através da linguagem de sinais, realizaram através da Amesfi um curso de libras de dois anos, no bairro onde moram. Isso fez parte de todo processo de adaptação, tanto dos pais, quanto da família e da comunidade.
Débora e Nicoli
Na segunda gravidez, já sabiam da possibilidade de ter novamente uma criança surda. “O médico já havia explicado que a surdez do Leonardo poderia ser genética, então podia acontecer novamente. Isso não foi motivo para deixar de querer ter mais um filho, mas não sabia que viriam dois”, explicou a mãe.
As gêmeas, Nicole e Débora nasceram há 11 meses. A mãe sorri ao contar que Leonardo é o professor das duas, tanto para ensinar libras, quanto para fazer travessuras.
A surdez da Débora foi confirmada depois de ela fazer o teste da orelhinha, ainda com onze dias. “Acredito que com a Débora será mais tranquilo, pois já sabíamos da possibilidade dela ser surda e já sabemos como agir”.
Lidar com a surdez da Débora está sendo bem mais fácil para família que já sabe o que fazer. “Como sabíamos da possibilidade conseguimos descobrir mais cedo, foi bem diferente e bem mais fácil, ela já poderia estar indo para a escolinha desde que completou seis meses, mas ainda acho muito cedo, ela é muito pequena e quero curtir bastante enquanto elas são pequenas”, bajula a mãe “coruja”.
“Para o Leo foi uma alegria, a irmã também ser surda como ele. Quando estava grávida ele me perguntava se ela seria surda ou ouvinte. Elas tem um professor dentro de casa. Quando eram bebezinhas, o Leonardo parava na frente delas e já ensinava seus nomes em línguas de sinais”.
Dificuldades
A mãe relata que a principal dificuldade que enfrenta por ter dois filhos surdos é o preconceito da sociedade. “Muitas pessoas nos olham com pena, e comentam: - Coitadinha, dois filhos surdos”, comenta.
“A surdez é uma das deficiências que permite uma vida praticamente normal, eles podem se locomover sozinhos, ter atividades comuns, podem morar sozinhos sem problema algum. As pessoas sentem um receio de fazer um sinal que eles não compreendam e acabam deixando passar a oportunidade de se comunicar com um surdo”, explica a mãe.
Rosilei destacou diversas vezes durante a entrevista que ama seus filhos e fará tudo por eles. Também ficou claro o carinho de Leonardo pelas irmãs e pela mãe e que a surdez não o impede ser feliz.
FONTE:http://www.medianeira.com.br/v2/Noticias/REG-615389,MAE-APRENDE-LIBRAS-PARA-FALAR-COM-SEUS-FILHOS.html