Senhora Neides Borges da Silva, 44 anos, casada, mães de dois filhos: Rogério, 25 anos e Marcos, 22 anos.
Moradora do Jardim São Conrado em Indaiatuba desde 1995.
Atualmente é comerciante e voluntária na comunidade surda e ouvinte, como intérprete de Libras.
Também é uma das fundadores da fundação ASDAI (Associação de Surdos e Deficientes Auditivos de Indaiatuba).
Dona Neides, como a chamamos carinhosamente, nascida na cidade de Campestre, Minas Gerais, passou sua infância no campo. Ainda lembra da roça dos pais, o senhor Oliveiro e senhora Orídia em que brincavam e comiam frutas do pomar. Também guarda lembranças das noites de terça-feira, quando brincava de passar anel e de passar meia na casa da vizinha. Seus dois irmãos enchiam as madrugadas de encanto e poesia com seus violões. Na hora das refeições, sua família sentava-se ao redor de uma enorme mesa com cadeiras de madeira maciça e ali oravam agradecendo pelo alimento, “atitude que hoje em dia a maioria das famílias modernas esquecem-se de fazer”, enfatiza dona Neides.
Já a sua pré-adolescência e adolescência foram marcadas pelas festas nas quermesses em que a pequena cidade de Campestre, aproximadamente 300 habitantes naquela época, recebia a visita de mais de 600 pessoas.
Casou-se em 12 de janeiro de 1980 e desde que soube que seu filho Rogério apresentava surdez, em 1983, interessou-se em fazer cursos técnicos para se comunicar com ele e com os outros surdos que conhecia.
Atuante incansável pela causa dos surdos e da comunidade em geral que convive com esse tipo de deficiência, Dona Neides, desde 1995, trabalha na comunidade indaiatubana e esforça-se para que seu sonho seja realizado aqui e que sirva de exemplo para outras cidades do Estado de São Paulo e do Brasil.
Em 01 de julho de 2007, juntamente com seu filho e outros membros, fundou a ASDAI (Associação de Surdos e Deficientes Auditivos de Indaiatuba). Essa fundação tem como objetivo oferecer cursos de Libras para surdos e ouvintes, cursos de formação profissional para surdos, como: pintura em tela, crochê e bordados em geral. Além disso, a ASDAI mantém um projeto chamado “Sementes do Amanhã”, oferecido para crianças surdas. Lá eles aprendem a técnica circense e o Teatro.
Dona Neides, também oferece um trabalho muito importante para a comunidade do Jardim Morada do Sol e de Indaiatuba em geral, que é o de Intérprete de Libras. Esse trabalho tem como objetivo acompanhar o surdo seja ele criança, jovem ou adulto e seus familiares a locais como empresas, atendimento médicos ou outros casos particulares.
Além desses trabalhos já citados, Dona Neides atua como instrutora de cursos de Libras para professores em órgãos municipais e empresas particulares que se interessam em ter surdos em seus quadros de funcionários.
Um fato curioso que aprendemos, durante a entrevista, foi o fato de que não se usa mais a expressão “surdo e mudo” para se referir a um deficiente auditivo, mas apenas “surdo”, pois desde 1992, foi oficializada a linguagem dessas pessoas – a Libras.
Uma mensagem que ela deixa para os pais e familiares de pessoas surdas, é: “Não desista. Continue acreditando que você é uma pessoa como qualquer outra pessoa, que tem direito a ter família, educação, saúde, trabalho e constituir outra família. Seja feliz!”
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